domingo, 8 de março de 2009

JUVENTUDE E POLÍTICA: A falta de engajamento político dos jovens e o processo político


A política por vezes esteve atrelada a juventude, mais expressivamente pelo viés do movimento estudantil, que com a sua luta também ajudou a mudar o cenário político de sua contemporaneidade, como o do Regime Militar,por exemplo. A juventude demonstrou ser um grande mobilizador social, levando inúmeros estudantes à luta pela redemocratização e liberdade política de nosso país. Estes eram tempos em que juventude estava intrisecamente atrelada à política.
Hoje a visão que se tem de juventude é outra. É a visão de que “os jovens não querem nada com a vida”, de que eles são “rebeldes sem causa”, "aborrescentes" e por aí vai. Esse tipo de postura denota a incapacidade que se tem em reconhecer na juventude a sua verdadeira potencialidade, que é a de mobilização e transformação social. Isso é suprimido por estereótipos e clichês que castram qualquer possibilidade de uma nova perspectiva em relação a eles.
Os jovens são sistematicamente desqualificados, tidos como alienados. Para os que pensam assim, muitas vezes isso se demonstra através do desengajamento político cada vez maior entre os jovens. Mas e por que a juventude não se engaja mais politicamente? Com certeza o cenário político atual e a forma como se constrói e se mantém as relações políticas em nosso país contribui para isso, que é um processo. Afinal o que é que não se vê na política de hoje se não corrupção, dissimulação, "mamatas", negociatas, maneiras mirabolantes de se transportar dinheiro desviado, nepotismo, articulação financeira de apoio político, uso indevido e criminoso do dinheiro público, entre outros. Há muito os nossos “representantes” não nos representam mais.
A descaracterização e o desmantelamento dos partidos políticos, bem como das ideologias de esquerda e de direita que também constituem esse processo.
 Os partidos, ao invés de serem um grupo de eleitos e/ou elegíveis pelo povo para representá-lo, segundo princípios próprios, tendo somente em vista o bem comum, não passam de um aglomerado de pessoas que visam só o seu próprio benefício, movidos pelo princípio da desonestidade, dissimulação e exploração alheia. Com certeza existem exceções, mas estas estão imersas nesse meio e muitas vezes nada podem fazer.
As ideologias que seriam o conjunto de idéias e pensamentos de um indivíduo ou grupo, que os orientaria em suas práticas socias ou políticas, hoje não passam de um conjunto de idéias/ valores de cunho apenas taxionômico ou discriminativo, “você é de esquerda, eu sou de direita”, não servem mais para construir e traçar os caminhos da prática política. Os jovens cansaram de ver a ideologia se manifestar apenas no campo das idéias.
A esquerda se perdeu em seus “ismos” (Leninismo, Trotskismo, Marxismo, etc.), e sempre se colocou como o “Messias” da organização política, seria quem salvaria a política de sua sujeira e das práticas que levavam o país a bancarrota socioeconômica, mas o que se viu foi que quando ela passou de oposição a situação, continuou a reproduzir muitos dos modelos aos quais ele criticara.
A direita sempre a favor do capitalismo e suas extensões, como neoliberalismo, se preocupou em manter os  favoritismos da elite, deixando os mais precisados à sua própria sorte. Quando situação, criticava radicalmente a oposição, por às vezes entravar o processo político, mas hoje na oposição é isso o que mais faz.
O cenário atual é este:  a esquerda, que era oposição e criticava a situação, hoje é situação e reproduz os modelos de quem antes era situação; a direita, que era situação e criticava a oposição, hoje é oposição e cumpri bem com aquilo que ela julga ser o  seu papel, preocupa-se mais em se opor, em atingir o governo do que avaliar e analisar as propostas pela ótica do bem comum e de seu representado.
Essa conjuntura só faz com que o jovem veja descrença no processo político e não participe mais dele, jovem foi deixando de ter uma maior participação na política institucional, dita representativa. Mas como já dito antes, o jovem tem a capacidade de mobilização e transformação social, que se não se expressa pela prática política se expressa por outras vias, como o terceiro setor. Não ele não é um agente passivo que fica a mercê dos processo políticos institucionais. Por isso, os jovens se engajam mais a cada dia em trabalhos em suas comunidades ou em outras, por meio de ONG’s ou não, promovendo os processos de auto-análise e autogestão dessas comunidades. A luta, a força e coragem  dos jovens antes investidas na política agora se encontram em ações que visem a mudança e a melhoria de suas comunidades. Que de certa forma representa uma nova forma de se fazer política, ao passo que essa prática caracteriza um tipo de ação política.
A juventude e suas organizações estão se mobilizando e tentando suprir aquilo em que o Estado falta.
Há uma falsa crença de que os jovens estão se reinserindo ou tendo uma maior expressão dos política institucional, pois muitos dos que estão lá são apadrinhados políticos e reproduzem modelos arraigados na política institucional do país, modelos transgeracionais de corrupção, desonestidade tradições perversas.
Contudo, não se deve desistir do processo político, pois ainda não há outras perspectivas de organização que substitua ou seja melhor do que o que está aí. O jovem deve voltar a fazer parte desse processo, mas para isso é necessário reconhecer nele os seus potenciais e as sua habilidades aqui já descritas. É importante deixar claro que não é só o puro e simples reconhecimento dos jovens e seus valores/habilidades é que vai fazê-los voltar ao processo, mas para mim está uma das partes fundamentais do processo, primeiro para se estabelecer uma nova ponte entre os jovens e a política institucional, segundo para fazer andar o processo com a participação dos jovens, pois se não há reconhecimento, não há voz. É preciso também criar uma sensibilização coletiva no sentido de se construir um processo melhor que corresponda ao seu objetivo, que é a construção de uma sociedade melhor, não igual ou desigual, mas sim justa, que respeito os direitos de todos e que garanta também o acesso de todos a eles.

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